O aquecimento global vai derreter a maior parte das geleiras dos Andes nos próximos 30 anos, disseram cientistas, o que ameaça o sustento de milhões de pessoas que dependem delas para água potável, agricultura e geração de energia.
Pequenas geleiras estão espalhadas ao longo dos Andes e por um bom tempo têm sido fonte crucial de água fresca para Bolívia, Equador e Peru, descongelando nos meses de verão e se formando novamente no inverno. Mas o aquecimento global está provocando um recuo.
A geleira na montanha boliviana de Chacaltaya costumava ser a estação de esqui mais alta do mundo, a 5.500 metros acima do nível do mar. Mas a geleira, agora, possui apenas 3 metros de espessura, em média, contra 15 metros em 1998, e o glaciologista Edson Ramirez afirma que ela irá desaparecer neste ano ou no próximo.
"É um processo que infelizmente agora é irreversível", disse ele, acrescentando que nações industrializadas estão fazendo pouco e agindo tarde demais para cortar as emissões de dióxido de carbono.
"Mesmo se eles tomassem medidas agora, levaria muitos e muitos anos para recompor essas geleiras", completou. "A maioria dessas geleiras são similares à Chacaltaya e isso nos faz pensar que as pequenas geleiras podem desaparecer em 20, 30 anos."
Mais de 2 milhões de pessoas na região de La Paz dependem fortemente do degelo de Chacaltaya e outras geleiras vizinhas para fornecimento de água de torneira e, indiretamente, eletricidade.
As necessidades de água só irão aumentar nos próximos anos com a expectativa de que a população na região de La Paz dobre até 2050.
A capital do Equador, Quito, com 1,5 milhão de pessoas, e a capital peruana Lima, com 8 milhões de pessoas, também dependem do derretimento de geleiras para água e energia.
Bolívia, Equador e Peru começaram a esboçar planos com cientistas para mitigar os efeitos negativos do derretimento das geleiras e especialistas afirmam que eles precisarão fazer grandes investimentos para encontrar novas fontes de água e energia.
Por Monica Machicao e Eduardo Garcia
CHACALTAYA, Bolívia (Reuters)
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